Justiça por Rushdie: Homem que Esfaqueou Salman Rushdie é Condenado a 25 anos de Prisão
- Vinicius Monteiro
- há 9 horas
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O mundo prendeu a respiração naquele fatídico dia de 2022. Agora, a justiça finalmente alcança o agressor. Hadi Matar, o homem que tentou silenciar o escritor Salman Rushdie para sempre, acaba de receber sua sentença: longos 25 anos atrás das grades. Quer entender os detalhes chocantes do julgamento, a dor lancinante da vítima e a declaração perturbadora do réu? Mergulhe nesta leitura e acompanhe o desfecho de um caso que abalou a liberdade de expressão mundial!
Na última sexta-feira, o tribunal do condado de Chautauqua, em Nova York, proferiu a sentença que muitos aguardavam. Quase três meses após ser considerado culpado por tentativa de homicídio em segundo grau, Hadi Matar, hoje com 27 anos, foi condenado a duas décadas e meia de prisão. Uma punição que ecoa a brutalidade do ataque que quase tirou a vida de Salman Rushdie, então com 77 anos, durante um encontro literário em 2022.
O julgamento que antecedeu essa sentença foi carregado de tensão e emoção. O próprio Salman Rushdie reviveu o terror daquele instante, descrevendo o momento em que teve a certeza de que seus dias estavam contados sob os golpes de Matar. As sequelas foram devastadoras: ferimentos graves e a perda irreparável da visão do olho direito.
Em uma declaração fria e calculada, lida no tribunal antes da sentença, Matar ousou justificar sua violência, acusando Rushdie de "desrespeitar e intimidar outras pessoas". Uma tentativa vã de legitimar um ato de barbárie que chocou o planeta.
Além da pena de 25 anos pela tentativa de homicídio, Matar também foi sentenciado a sete anos por ferir Ralph Henry Reese, o moderador do evento que dividia o palco com Rushdie. O promotor distrital Jason Schmidt esclareceu que as penas serão cumpridas simultaneamente, dada a conexão direta entre os ataques às duas vítimas. Schmidt não poupou palavras ao descrever a premeditação de Matar, que planejou infligir o máximo de dano possível, não apenas a Rushdie, mas a toda a comunidade presente.
Em contrapartida, a defesa de Matar, representada pelo advogado Nathaniel Barone, tentou minimizar a gravidade do caso, alegando que seu cliente não possuía antecedentes criminais e questionando a caracterização do público presente como vítima. Barone também argumentou sobre a intensa publicidade negativa que pairou sobre Matar desde o início do caso, insinuando uma ausência de presunção de inocência.
Contudo, o depoimento pungente de Salman Rushdie durante o julgamento foi um testemunho irrefutável da violência sofrida. Suas palavras ao descrever a visão do próprio sangue e a certeza da morte iminente ecoaram na sala do tribunal. Os números frios da agressão – 15 facadas na cabeça, pescoço, tronco e mão – traduziram a brutalidade de um ataque que o deixou com danos permanentes.
A motivação de Matar, conforme aponta a acusação federal, remonta a um discurso de 2006 do então líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que endossou uma fatwa (decreto religioso) de décadas atrás, imposta por líderes religiosos iranianos em resposta ao romance de Rushdie, "Os Versos Satânicos". Curiosamente, após o ataque, Matar admitiu ter lido apenas "algumas páginas" do livro considerado blasfemo.
A resiliência de Salman Rushdie diante da tragédia é notável. Ele detalhou sua dolorosa jornada de recuperação em um livro de memórias impactante intitulado "Faca: meditações após uma tentativa de assassinato".
Este veredicto é um lembrete sombrio das ameaças à liberdade de expressão, mas também um sinal de que a justiça, por mais que demore, pode prevalecer. Compartilhe esta notícia e mantenha viva a discussão sobre a importância de proteger a liberdade de pensamento e a segurança de quem ousa expressá-lo. A história de Salman Rushdie é um testemunho de coragem e resistência que merece ser contada e lembrada.
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