Pinóquio (2019) Crítica Cinematográfica
- Vinicius Monteiro
- 12 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de abr.
★★★☆☆
Em um gesto de anseio paternal, o solitário marceneiro Gepeto expressa o profundo desejo de que sua mais recente criação, o boneco de madeira Pinóquio, ganhe vida. Atendendo a esse clamor, Pinóquio é imbuído de existência, mas sua natureza rebelde o leva a se desgarrar do lar, embarcando em uma jornada repleta de enigmas e criaturas mágicas. Essa odisséia o confronta com os perigos inerentes ao mundo, moldando seu caráter através de provações e descobertas.
"As Aventuras de Pinóquio", obra seminal de Carlo Collodi, publicada em 1883, transcendeu gerações, firmando-se como um dos contos mais populares e adaptados da literatura mundial. A saga de Pinóquio, com sua carga moral e educativa, serve como um compêndio de ensinamentos essenciais para a formação de uma criança na sociedade, inculcando valores como a retidão, a diligência nos estudos e a perseverança no trabalho como chaves para alcançar os sonhos.
A adaptação cinematográfica em questão se destaca por sua representação visceral de Pinóquio, capturando a essência de um boneco de madeira que ganha vida. A fidelidade aos desenhos originais de Enrico Mazzanti é notável, traduzida para as telas através de uma simbiose entre computação gráfica e a magistral maquiagem de Mark Coulier, resultando em um visual impressionante e realista.
Sob a direção do italiano Matteo Garrone, a adaptação cinematográfica se revela um espetáculo visual, com paisagens italianas exuberantes que rivalizam com a primorosa direção de arte. A oficina de Gepeto e a morada da Fada Azul são exemplos da excelência na concepção visual, elevando a estética do filme a um patamar de beleza ímpar.
Apesar de sua estética encantadora, o filme não se furta em explorar nuances sombrias e perturbadoras, conferindo-lhe um tom visceral e impactante. Cenas como a da suspensão de Pinóquio na árvore pelo Gato e Raposa, a aparição da Fada Azul em sua forma cadavérica, a presença dos coveiros mascarados com um caixão infantil e a figura da mulher-caracol com sua aparência grotesca, contribuem para a atmosfera sombria e intrigante do filme.
Quase um século e meio após a publicação da obra original, "Pinóquio" continua a inspirar cineastas renomados. Guillermo del Toro e Robert Zemeckis preparam suas próprias adaptações, enquanto Roberto Benigni, em 2002, apresentou uma versão que se distanciou da essência do personagem.
Apesar de sua beleza estética, o filme em questão sofre com a repetição da narrativa, somada a uma trama episódica que fragmenta o enredo e prejudica o ritmo da obra.
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