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Carrie, a Estranha (2013) Vale a Pena Assistir?

  • Foto do escritor: Vinicius Monteiro
    Vinicius Monteiro
  • 2 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

Carrie, a Estranha 2013

Você se lembra da sensação de ser o estranho, o alvo de olhares e risos? "Carrie, a Estranha" revisita essa dor primordial, mas será que esta nova roupagem consegue incendiar a tela com a mesma intensidade visceral do original ou se apaga na tentativa de modernização? Prepare-se para confrontar a crueldade humana e o poder latente de uma alma atormentada.


Carietta White (ganhando vida através da intensidade de Chloë Grace Moretz) sempre viveu sob o peso esmagador de sua mãe, Margaret (interpretada por Julianne Moore), uma mulher consumida por um fanatismo religioso extremo. Além dos abusos no lar, Carrie enfrenta o desprezo e a maldade implacável de seus colegas de escola, indivíduos incapazes de compreender sua singularidade. Constantemente humilhada e isolada, Carrie descobre em si o despertar de estranhos poderes telecinéticos, uma força latente que explode de forma cataclísmica durante o fatídico baile de formatura.


A genialidade da criação de Carrie White, concebida por Stephen King e adaptada para diversas mídias, reside em sua habilidade de transformar a dolorosa experiência do ambiente escolar em um terror literal, sem a necessidade de artifícios excessivamente elaborados. A vivência de um adolescente sensível e introspectivo no ambiente hostil do ensino médio já é um calvário, mesmo sem mães abusivas, talheres voadores e baldes de sangue de porco.


A adaptação cinematográfica intitulada "Carrie, a Estranha" busca modernizar a narrativa original, mas a simples atualização do cenário temporal e a inserção de elementos tecnológicos contemporâneos, como smartphones, mostram-se insuficientes para injetar nova vitalidade à trama. A diretora Kimberly Peirce, em sua abordagem, deveria ter pendido para uma sátira mordaz ou para uma atmosfera ainda mais sombria e perturbadora, explorando a profundidade do isolamento social de Carrie e as influências destrutivas tanto dos seus algozes escolares quanto de uma mãe que usa um armário como purgatório para os supostos pecados da filha.


Kimberly Peirce, trabalhando a partir de um roteiro com a colaboração de Lawrence D. Cohen e Roberto Aguirre-Sacasa, demonstra um desejo evidente de fomentar a identificação empática do espectador com Carrie. Para alcançar esse objetivo, a diretora dedica uma parcela significativa do tempo de tela à construção da simpatia pela personagem, talvez até de forma excessiva, diluindo a tensão que permeava a original.


Entretanto, a interpretação de Chloë Grace Moretz confere ao papel uma energia distintamente diversa e, possivelmente, menos congruente com a essência da personagem original. A atriz estabelece precocemente em sua Carrie uma aura de autossuficiência, uma ferocidade latente que paradoxalmente pode incitar no público uma certa dose de compaixão por seus futuros agressores, antes mesmo que ela desencadeie sua vingança telecinética destrutiva. Em contrapartida, Julianne Moore entrega uma representação caricatural e exagerada da mãe fanática e desequilibrada de Carrie, beirando o pastiche em alguns momentos.


Sob o prisma técnico, a produção demonstra uma inegável superioridade, o que, considerando o aumento orçamentário e os avanços significativos nos efeitos especiais ocorridos nos quase quarenta anos que separam esta versão da incursão de De Palma no universo de Carrie, não surpreende. Contudo, observam-se escolhas questionáveis na angulação da câmera, resultando em algumas sequências filmadas de maneira estranha e desconcertante, quebrando a imersão.


No clímax da narrativa, durante a infame cena do baile, quando Carrie utiliza sua telecinese para perpetrar uma vingança cataclísmica, o pandemônio que ela desencadeia revela-se excessivo e saturado de imagens geradas por computador (CGI). Nesta releitura, a icônica cena perde sua visceralidade aterrorizante, tornando-se surpreendentemente tediosa e artificial. Em suma, "Carrie, a Estranha" falha em proporcionar um entretenimento genuíno e não alcança a profundidade e a seriedade pretendidas, configurando-se como mais um remake insípido e inferior à sua poderosa fonte original.



Em última análise, assistir a este remake de "Carrie, a Estranha" não se configura como uma experiência essencial. Embora tecnicamente superior à versão original de 1976, a falta de uma visão autoral forte, as interpretações inconsistentes e a perda da visceralidade do clímax tornam esta releitura desnecessária. Se você busca uma exploração pungente do isolamento e da fúria adolescente, a versão original de Brian De Palma ainda se mantém como a adaptação definitiva da obra de Stephen King. Este remake, apesar de seus esforços de modernização, não consegue capturar a mesma intensidade emocional e o impacto duradouro do seu predecessor, permanecendo como uma pálida sombra da sua fonte.




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