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Carrie, a Estranha (2002) Vale a Pena Assistir?

  • Foto do escritor: Vinicius Monteiro
    Vinicius Monteiro
  • 9 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

Carrie, a Estranha 2002

Escondida nas sombras da incompreensão, Carrie White ressurge em uma releitura televisiva que clama por sua atenção. Mas será que esta versão, aprisionada pelas limitações de seu tempo, consegue evocar a mesma angústia e fúria que consagraram sua antecessora cinematográfica? Prepare-se para confrontar a fragilidade de uma alma à beira do abismo.


Isolada em um universo de incompreensão e escárnio, Carrie White (interpretada com uma intensidade palpável por Angela Bettis) personifica a figura da adolescente marginalizada. Constantemente subjugada aos tormentos infligidos por sua mãe, uma fervorosa adepta de uma religiosidade extremista, e pelos seus cruéis colegas de escola, Carrie navega por um limiar tênue entre a sanidade e a crescente perturbação mental. Em meio a este sofrimento silencioso, um despertar insólito ocorre: a jovem descobre em si a latente capacidade de manipular objetos com a força do pensamento, um poder telecinético que emana de suas profundezas. A iminente noite do baile de formatura do colégio paira no horizonte como um prenúncio carregado de incertezas, onde a fragilidade do equilíbrio se anuncia prestes a ruir, e o imprevisível espreita em cada sombra.


Sob a batuta de Bryan Fuller, que também assina a adaptação do roteiro, "Carrie, a Estranha" de 2002 emergiu como uma produção televisiva imersa no gênero do terror. Esta obra representa a segunda incursão cinematográfica no universo do clássico romance homônimo de Stephen King, publicado em 1974, sucedendo ao icônico "Carrie, a Estranha" de Brian De Palma, lançado em 1976, e à sua sequência, "A Maldição de Carrie", de 1999. Surpreendentemente, esta releitura de 2002 permanece desconhecida para muitos apreciadores do gênero, um silêncio que talvez prenuncie sua qualidade.


Contudo, é inegável que os efeitos especiais exibidos nesta produção denotam as limitações orçamentárias típicas de uma produção televisiva do início do século XXI. Desde a inverossímil chuva de pedras que inaugura a narrativa até a subsequente dizimação apocalíptica da cidade, a precariedade dos recursos visuais ecoa as restrições financeiras da época, comprometendo a imersão e, por vezes, beirando o risível para um público acostumado a padrões visuais mais sofisticados. A trilha sonora, por sua vez, revela-se excessivamente melodramática, pontuada por efeitos sonoros exagerados que sublinham cada irrupção de violência na tela, e por uma evidente predileção por ângulos de câmera inclinados, os chamados "ângulos holandeses", uma escolha estilística que, em excesso, se torna cansativa e artificial.


A tarefa imposta a Angela Bettis revela-se árdua, dada a indelével marca deixada por Sissy Spacek na interpretação original de Carrie. No entanto, Bettis logra apresentar uma faceta singular e convincente da personagem. Na perturbadora cena em que Carrie percorre as ruas de Chamberlain em seu vestido ensanguentado, desencadeando uma fúria telecinética avassaladora, ela personifica de forma visceral uma autêntica vilã do terror, diferenciando-se da vulnerabilidade quase infantil da Carrie de Spacek e explorando um lado mais sombrio e ressentido.


"Carrie, a Estranha" de 2002 aprofunda a dinâmica complexa entre Margaret e Carrie, conferindo maior espaço e nuances à intrincada relação materno-filial. A abordagem de Bryan Fuller delineia uma mãe que, paradoxalmente, demonstra um afeto genuíno por Carrie, permeado pelo temor de perdê-la. Em seus momentos de lucidez, Margaret emerge como uma figura materna crível, excetuando-se, naturalmente, os episódios de abuso infligidos à filha, oferecendo uma perspectiva mais matizada sobre a complexidade do fanatismo religioso e seu impacto destrutivo.


Considerada a versão mais negligenciada pelos aficionados, "Carrie, a Estranha" de 2002 ambiciona uma fidelidade maior à obra literária original, buscando explorar facetas da história que a adaptação de De Palma talvez tenha apenas tangenciado. Contudo, o tempo não lhe foi tão generoso quanto ao seu aclamado predecessor cult. Em última análise, esta releitura de Carrie configura-se como um remake atípico e facilmente olvidável, cuja existência talvez não se justificasse plenamente diante das limitações técnicas e de um impacto que não ressoa com a mesma força.


Se vale a pena assistir? A resposta é complexa. Para os fãs fervorosos da obra de Stephen King, pode despertar curiosidade pela tentativa de uma adaptação mais fiel ao livro. Angela Bettis entrega uma interpretação interessante e distinta de Carrie, e a exploração da relação mãe-filha oferece novas nuances. No entanto, as evidentes limitações orçamentárias nos efeitos especiais e uma direção por vezes datada podem comprometer a experiência para um público acostumado a produções mais recentes. Se você busca uma nova perspectiva sobre a história e não se importa com as deficiências técnicas, pode valer a pena uma conferida. Caso contrário, a versão de 1976 continua sendo a adaptação cinematográfica definitiva e mais impactante de "Carrie, a Estranha".




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