Canção de Susannah Resenha
- Vinicius Monteiro
- 31 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de jan.

★★★☆☆
Mia roubou o corpo de Susannah Dean, usando o poder do Treze Preto para transportá-la para a Nova York de 1999, onde pretende dar à luz em segurança ao seu "xapinha". Mas quem é o pai da criança? E que papel desempenha o Rei Rubro nessa história? Para salvar a Torre Negra, é preciso não apenas resgatar Susannah, mas também manter em segurança o terreno baldio de Calvin Tower, antes que ele perca o local para a Corporação Sombra. Para isso, o restante do katet se une aos Mannis, tentando abrir um portal na Gruta do Vão da Porta. Enquanto Eddie e Rolland aterrissam no Maine dos anos 1970 e Jake, Oi e Callahan perseguem Susanna por Nova York, a trama se arma para um final duplamente explosivo que deixará o leitor ansioso pelo próximo livro.
'Canção de Susannah' veio em um momento muito significativo na vida do autor: em 1999, Stephen King estava andando por uma estrada perto de sua casa quando foi atropelado por um motorista imprudente. O acidente o deixou gravemente ferido. O livro seis e sete da série 'A Torre Negra' foram escritos no momento em que o autor estava com fortes dores, o que teve um impacto na sua concentração e resistência.
O foco principal do romance, o que o próprio título já entrega, está na personagem Susannah. Seu corpo foi sequestrado por Mia, uma entidade que a habita e carrega uma criança não natural através dela. As relações de Susannah com Mia são na maior parte contraditórias, mas Stephen King consegue fazer com que o leitor tenha simpatia por essa personagem tão complexa e doida.
A luta de Susannah é em grande parte mental. A sua luta interior é onde o autor apresenta os elementos de terror da história, além do horror corporal de uma gravidez paranormal, que já é uma situação desconfortante por si só. O enredo dessa personagem em muitos momentos me deixou um pouco distante, tudo parecia louco demais.
'Canção de Susannah' oferece muitas linhas narrativas bem divididas. Roland e Eddie em 1977 e Padre Callahan, Jake e Oy que estão tentando alcançar Susannah em 1999. A loucura do tempo não me deixou perdido na história, muito pelo contrário, eu achei que ficou tudo mais interessante e divertido. Depois do volume anterior, em que Stephen King entregou uma verdadeira odisseia de loucura e doideira, esse volume ficou super confortável de ler.
Stephen King soube capturar um determinado tempo e lugar em nossa realidade e o autor também é brilhante com suas caracterizações. No geral todos os membros do ka-tet são fantasticamente bem elaborados e muito simpáticos, eu gosto dos personagens dessa saga e esse é um dos motivos de gostar tanto de 'A Torre Negra'.
A história de Roland e Eddie é a mais cheia de ação, o que foi de muita serventia para o ritmo do livro. Padre Callahan, Jake e Oy avançam a trama para outras áreas, trabalhando para resolver a missão do ka-tet antes do sequestro de Susannah, mas quando a história tem o foco nesse enredo a coisa ficava um pouco chata e já não ajuda que suas aventuras sejam mais curtas e menos agitadas.
Roland e Eddie em sua missão em 1977 acabam encontrando em seu caminho o próprio Stephen King. Eu acho que a inclusão do autor de si mesmo funciona bem, mas não achei tão legal quanto no volume anterior. Leitores ávidos da série ficarão completamente encantados ou extremamente irritados com esse movimento corajoso do autor.
Ele é bastante honesto sobre sua própria história de alcoolismo e vícios em outras substâncias, que é muito de se respeitar, tecer seu próprio personagem nesta saga imprevisível de maneira real e sincera, só reforça sua genialidade.
Depois do grosso volume anterior, o autor oferece um 'Canção de Susannah' mais curto e direto ao ponto o que eu gostei muito. Parece que o Stephen King escreveu os 3 últimos livros de uma vez, um próximo do outro para terminar a história e eles encaixaram de uma vez muita coisa que estava faltando.
Embora eu não considere esse volume ruim, o seu manejo é problemático, eu achei ele o mais fraquinho de todos até agora, não curti muito de 'Canção de Susannah'. Ainda sim, é um prazer voltar para este mundo e conviver um pouco com esses personagens loucos.
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