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Até mais, e Obrigado pelos Peixes! Vale a Pena Ler?

  • Foto do escritor: Vinicius Monteiro
    Vinicius Monteiro
  • 25 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

Até mais, e Obrigado pelos Peixes!

Se você, assim como eu, se perdeu nas galáxias com Arthur Dent, prepare-se para uma volta para casa... estranhamente familiar. Em "Até mais, e Obrigado pelos Peixes!", a Terra, pasmem, está de volta. Sim, aquela que foi explodida para dar lugar a uma via expressa hiperespacial. A explicação? Bem, digamos que Douglas Adams continua fiel ao seu estilo deliciosamente ilógico. Mas essa ressurreição, acompanhada do inexplicável êxodo dos golfinhos, levanta uma questão crucial: a magia da jornada espacial se perdeu no caminho de volta? Se você está ponderando se vale a pena seguir Arthur em mais essa aventura terrestre, continue lendo. Minha experiência pessoal pode te ajudar a decidir se este retorno vale a pena o embarque.



Após sobreviver ao fim do mundo (literalmente), Arthur se encontra, sem mais nem menos, em uma Terra aparentemente normal. A familiaridade da superfície logo se esvai diante da constatação de que algo bizarro aconteceu em sua ausência. Movido pela curiosidade e por um interesse crescente em uma mulher tão enigmática quanto o reaparecimento do planeta, Arthur embarca em uma busca por respostas. Essa premissa inicial, confesso, despertou uma ponta de esperança de reencontrar o humor ácido e as situações absurdas que tanto me cativaram nos volumes anteriores.


No entanto, este quarto livro dedica uma parcela significativa de sua narrativa ao desenvolvimento de um relacionamento romântico para Arthur com Fenchurch. E aqui reside um ponto que, para mim, não brilhou. Embora essa digressão tenha oferecido uma oportunidade interessante para explorar outras facetas da personalidade de Arthur, revelando nuances além de sua conhecida rabugice, a dinâmica do romance em si não me envolveu da maneira que esperava.



A própria personagem de Fenchurch, em minha percepção, carregava uma aura de excentricidade que, por vezes, beirava a instabilidade, o que diminuiu meu apreço por ela. Além disso, senti profundamente a ausência de personagens que se tornaram icônicos na série. Zaphod Beeblebrox e Trillian, cujo relacionamento com Arthur era um elemento narrativo importante, são apenas brevemente mencionados. Ford Prefect e Marvin, os companheiros de jornada habituais, surgem esporadicamente, relegados a participações quase coadjuvantes. Essa ausência de figuras tão marcantes impactou a dinâmica da narrativa e, confesso, deixou um vazio na minha experiência de leitura.


Sendo brutalmente honesto, dentre os quatro livros que li até agora, este foi o que menos me agradou. A leitura dos volumes anteriores é essencial para qualquer tentativa de compreensão, e a genialidade peculiar de Douglas Adams ainda permeia as páginas, inegavelmente. O aprofundamento da personagem de Arthur é um ponto positivo inegável, tornando essa faceta da leitura recompensadora. Contudo, o restante da trama se desenrolou de uma forma que considerei relativamente insípida e carente daquele brilho excêntrico e do humor afiado que tanto caracterizam a série.



Em contraste com as desventuras espaciais, a busca de Arthur por respostas nesta Terra restaurada pareceu, para mim, perder um pouco do ritmo e da imprevisibilidade que tornaram os livros anteriores tão viciantes. Aquele senso de maravilhamento diante do absurdo cósmico parece ter se atenuado, dando lugar a uma narrativa mais focada nas relações interpessoais de Arthur em um contexto terrestre, ainda que este contexto seja, em sua essência, inexplicável.


Considerando a diminuição do humor característico, a ausência de personagens cruciais e um enredo que, em minha opinião, perdeu parte da sua vivacidade cósmica, a resposta para a pergunta se vale a pena ler "Até mais, e Obrigado pelos Peixes!" é um tanto complexa. Se você é um fã incondicional da série e precisa acompanhar cada passo da jornada de Arthur Dent, então, sim, a leitura é inevitável. Há lampejos da genialidade de Adams e o desenvolvimento do protagonista pode ser interessante para alguns. No entanto, se você busca reencontrar a mesma magia, o mesmo humor ácido e as situações cósmicas hilárias dos primeiros livros, talvez este volume te deixe com uma sensação agridoce. Ele marca um desvio significativo do tom e do ritmo que consagraram a série, e, para mim, representou o ponto mais fraco da minha jornada galáctica até agora.




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