A Maldição de Carrie Vale a Pena Assistir?
- Vinicius Monteiro
- 20 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: há 1 dia
Vinte e três anos se esvaíram desde o baile macabro que tingiu de sangue os corredores de uma escola e consumiu a alma de Carrie White, um trauma cinematográfico que ecoa até hoje. Agora, imagine essa sombra retornando, pairando sobre sua meia-irmã, Rachel, herdeira do mesmo poder inquietante e da mesma sina de exclusão. A premonição de Sue Snell, a sobrevivente assombrada, nos assombra: a história estaria fadada a repetir seus horrores? Se a ideia de revisitar esse universo de angústia e telecinese te causa um arrepio familiar, respire fundo antes de mergulhar nesta nova versão. A questão crucial que se impõe é: essa ressurreição cinematográfica merece o seu tempo e a sua atenção?
"A Maldição de Carrie", lançada no limiar do novo milênio, se apresenta como uma sequência, mas logo revela sua verdadeira natureza: um espelho distorcido e, infelizmente, menos impactante do clássico visceralmente inesquecível de Brian DePalma, aquela adaptação perturbadora da mente genial e sombria de Stephen King. O original, mesmo que inicialmente negligenciado por alguns críticos, conquistou uma legião de fãs e roteiristas, ascendendo merecidamente ao status de cult e influenciando gerações de cineastas e amantes do gênero. A expectativa, portanto, era inegavelmente alta.
No entanto, o que encontramos em "A Maldição de Carrie" é uma releitura que carece da ousadia de expandir o universo original ou de enriquecê-lo com novas camadas de significado. Em sua essência, a produção se configura como uma pálida reencarnação de "Carrie, a Estranha", despojada dos elementos estéticos datados dos anos 70 (um alívio, talvez, para alguns) e revestida por um verniz superficial de diálogos supostamente "modernos" que, ironicamente, soam genéricos e pouco convincentes. Infelizmente, essa nova incursão cinematográfica falha em capturar a maestria narrativa, a intensidade dramática visceral e a ressonância emocional profunda que consagraram o filme de DePalma como um marco do gênero. Aquele terror psicológico que nos fazia visceralmente sentir a angústia de Carrie, a tensão crescente que precedia a explosão catártica, simplesmente não se materializa com a mesma força avassaladora nesta nova tentativa. A alma da história parece ter se perdido na transição para o novo milênio.
Em última análise, "A Maldição de Carrie" se ergue como um exemplo clássico de um remake desprovido de uma justificativa intrínseca. Incapaz de adicionar qualquer substância significativa à sua rica e perturbadora fonte de inspiração, o filme acaba, paradoxalmente, por realçar ainda mais as virtudes inegáveis de seu antecessor. Aquele impacto visceral que nos deixava desconfortáveis, a sensação palpável de tragédia iminente que marcava o original, se diluem nesta nova tentativa, resultando em uma experiência cinematográfica que, embora não seja um desastre absoluto, é inegavelmente esquecível e desprovida da mesma força emocional.
Portanto, para nós, que buscamos narrativas com substância, impacto duradouro e uma exploração genuína da condição humana, a resposta é clara: não, "A Maldição de Carrie" provavelmente não vale o seu tempo. A menos que você nutra uma curiosidade mórbida em testemunhar uma pálida imitação de um clássico, ou talvez queira encontrar alguns momentos involuntariamente engraçados em sua tentativa de modernização forçada, seu tempo e sua atenção seriam infinitamente melhor investidos revisitando a obra original de Brian DePalma. Aquela sim, ainda pulsa com a fúria, a dor e a tragédia inesquecível de Carrie White, deixando uma marca indelével na mente e no coração do espectador, muito além de qualquer tentativa de reanimação superficial.
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