13 Reasons Why 1° Temporada Crítica

★★★☆☆

'13 Reasons Why' desdobra-se através da perspectiva de Clay Jensen, um jovem que, ao retornar da escola, depara-se com um enigmático pacote endereçado a ele. Ao abrir, Clay descobre uma série de fitas cassetes, cuja reprodução revela a voz de Hannah Baker, uma colega de classe que tragicamente tirou a própria vida duas semanas antes. Nas gravações, Hannah expõe treze razões que a levaram ao suicídio, cada uma delas detalhando a influência de diferentes pessoas em sua decisão. Clay, para seu horror, descobre ser um desses motivos. Agora, ele se vê compelido a ouvir todas as fitas, embarcando em uma jornada angustiante para desvendar seu papel nesse desfecho devastador e compreender como suas ações, talvez inadvertidamente, contribuíram para a tragédia.

A série '13 Reasons Why' evoca uma atmosfera profundamente sombria, impregnando a narrativa com um peso emocional palpável. A cadência da trama, por vezes lenta e arrastada, incorre em repetições que podem testar a paciência do espectador. Entretanto, a estrutura enigmática da série funciona como um poderoso catalisador, prendendo a atenção e incitando a busca por respostas. A produção poderia ter explorado com maior profundidade o suspense e o mistério inerentes à sua premissa, em detrimento do drama excessivo, resultando em uma experiência mais cativante e intrigante.

Embora os personagens principais desempenhem um papel operante na trama, são os personagens secundários que se destacam e capturam a atenção do público. A profundidade e as nuances que os atores conferiram a esses personagens são notáveis, demonstrando um domínio da arte da atuação. Em contraste, as performances de Dylan Minnette e Katherine Langford podem ser consideradas menos impactantes, carecendo da mesma complexidade e camadas que os personagens secundários exibem.

Em uma decisão questionável, '13 Reasons Why' optou por estender artificialmente sua narrativa, impondo ao personagem Clay um ritmo de audição de fitas extremamente lento e exasperante: apenas uma por dia. Essa escolha contrasta drasticamente com a experiência dos demais personagens, que consumiram o conteúdo das fitas de uma só vez. A discrepância levanta uma questão incômoda: por que Clay foi submetido a essa cadência tão peculiar? A resposta parece residir na necessidade da série em inflar sua duração, estendendo-se artificialmente para preencher os treze episódios encomendados.

A representação do suicídio de Hannah em '13 Reasons Why' gerou críticas significativas, principalmente devido à sua abordagem romantizada e à tentativa de atribuir a responsabilidade da tragédia exclusivamente a terceiros. Essa escolha narrativa desviou-se da complexidade do tema, negligenciando a importância de uma representação mais realista e sensível.

Apesar das controvérsias, a série desempenhou um papel relevante ao aumentar a conscientização sobre questões como bullying, assédio e saúde mental. Nos Estados Unidos, houve um aumento de 10% nas ligações para linhas de apoio, demonstrando o impacto da série em jovens que se identificaram com a história de Hannah ou que buscavam ajuda para lidar com suas próprias dificuldades.

'13 Reasons Why', embora possa apresentar um ritmo narrativo que demanda paciência do espectador, reserva um desfecho recompensador para aqueles que persistem. A trama, que se desenvolve em torno do mistério das fitas e da busca pelas razões que levaram Hannah ao suicídio, exerce um poder de atração que mantém o público engajado. A sensação de satisfação ao final da série, contudo, não deve obscurecer a importância de reconhecer que se trata de uma obra de ficção. Caso a narrativa ressoe em experiências pessoais, seja como vítima ou perpetrador de situações de abuso, é fundamental buscar auxílio profissional.

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